tumblr_ljb7tayk2o1qfa51io1_500Se você nasceu em meados dos anos 90 sabe que a forma mais eficaz que tínhamos para determinar (na boa e velha sorte, claro) com quem iríamos nos casar era o estimado joguinho Loiro-Moreno-Careca-Cabeludo-Rei-Ladrão-Polícia-Capitão. Obvio que você também sabia como manipulá-lo pra que o resultado não te tornasse mulher de um presidiário – mesmo que fosse o Belo. Mas se você não faz ideia do que isso se trata 1) Morra, criatura nascida pra me fazer sentir velha! e 2) Contente-se com métodos não tão eficazes que consistem na sua própria percepção de mundo claramente distorcida e já com tantas cicatrizes.

Sinceramente, eu culpo a Disney. Se eu não tivesse crescido em meio a tantas malditas princesas com seus corpos magros e musicais românticos poderia ser, quem sabe, como a Xuxa e me contentar em ter o Sergio Malandro como príncipe. (Se você não assistiu E chorou com Lua de Cristal, não tem meu respeito).

De volta para a realidade, hoje como uma mulher madura e muito bem resolvida e por ironia do destino ainda solteira, esses métodos de descoberta de quem seria/será seu marido foram se aprimorando. O garoto malandro deu lugar ao nerd da faculdade, o recém formado deu lugar ao empreendedor. Com o tempo, passamos a nos importar mais com estabilidade e competência do que com a “pegada” e a beleza. Claro sinal de amadurecimento, mas também de consistente desespero em encontrar logo o homem certo. Nessas horas, toda nossa ideologia se converte, adapta e diverge. É muito fácil ser exigente com 18 aninhos e todo o conforto da frase “Você tem a vida inteira pela frente”. Mas bem sabemos que na prática, a teoria é outra! Sucumbidas pelo desejo de encontrar essa suposta alma-gêmea – que se enquadraria naturalmente ao Brad Pitt para qualquer uma – nos vemos, no sentido literal da palavra, obcecadas. Quase malucas. Ou os dois.

Pensando nisso, aqui vai uma lista com as características primordiais em um bom macho:

1) Fiel: Honestamente, traição é algo bem relativo e contraditório; ao invés de se consolidar com o tempo, os relacionamentos duradouros são aqueles em que um dos dois aceita a posição de corno para não interferir na estabilidade do casal. Geralmente, isso é mais comum em quem já tem casa, filhos e cachorro. Como já dizia o falecido, porém, sempre sábio Reginaldo Rossi “Chifre é a única coisa que se você não teve, vai ter.” Aceitar isso seria uma possível solução? Não. Mas manteria um relacionamento? Sim, claro. Agora que tipo de relacionamento vale a pena manter quando não se tem confiança ou respeito? Uma pessoa fiel à seus princípios, seus valores tem mais valor do que aquele cara que finge não olhar para a menina passando na rua – mais gostosa do que você – por trás dos óculos. Fidelidade é algo conquistado de dentro pra fora, é essência.

2) Carinhoso: Por motivos óbvios fica em segundo lugar na lista, afinal, ninguém merece um cara escroto que fala com você como se espantasse um flanelinha no sinal. E a pior coisa que tem é alguém que mendiga carinho de outro. Meu povo, melhore! Carinho se não for dado, de graça mesmo, não merece ser cobrado e não pode ser ensinado. Ninguém “adestra” alguém a ser carinhoso. Infelizmente, diga-se de passagem. Seria muito mais fácil soltar um Border Collie pra cima dele e fazê-lo seguir à risca suas ordens. Maldito livre arbítrio!

3) Estudado: Valorize alguém que sabe mais do que quem foi o eliminado do último BBB ou o cantor daquela música top mundial. Valorize alguém que tem interesse em aprender assuntos completamente desinteressantes pra você. Valorize alguém que não se acomoda e que, provavelmente, fez questão de aprender todas as mudanças do “novo” acordo ortográfico – que eu, sinceramente, ainda nem decorei. Por fim, valorize quem possa te ensinar algo também, mesmo que sequer saiba quando vai utilizar.

4) Financeiramente inteligente: Não é à dinheiro que me refiro, é a perspectiva de ganho dele. O cara não precisa ser “montado na grana”, herdeiro, nem formado e tampouco o Rei Do Camarote. Pode ser um estudante mesmo, estagiário, mas com objetivos. O que ele tem que ter é um plano e batalhar por ele. Dinheiro é consequência, mas não deve ser meta de ninguém. Meta de verdade é sucesso profissional, reconhecimento, construir carreira. Então, procure alguém que tenha esses planos, que tenha visão, que queira mais do que passar os restos dos seus dias trancafiado em um escritório sendo empregado dos outros e chegar nos finais de semana esbanjando como se a vida fosse fácil.

5) Ter hábitos saudáveis: Calma, longe de mim defender os bitolados de academia! Há uma tênue, porém firme, linha que distingue as duas categorias. Uma pessoa saudável vai te ajudar, simplesmente, a não se tornar uma porca com 130kg com apenas 4 anos de casada e nenhum filho. Ele vai te estimular a se manter bonita pra você mesma, pra que se sinta bem. Ele vai aprovar o corte de refrigerante para os filhos, vai aprovar a quantidade de frutas na geladeira. Ele quer viver bem porque quer viver muito e, sendo assim, te levar nesse mesmo caminho.

6) Comprometido: O comprometimento não precisa ser necessariamente contigo, mas pensa bem: o que pode ser pior do que um homem que não cumpre suas responsabilidades, não arca com as consequências do que faz? Comprometimento é, em outras palavras, o caráter na forma mais limpa e clara. E caráter não pode ser forjado. Às vezes, mascarado, mas forjado, não! As máscaras sempre caem, então, ainda que ele tente por meio de gestos incrivelmente românticos, serenatas espetaculares e mimos à sogra fingir ser este ser encantador que nunca vai te deixar na mão, cedo ou tarde vai explodir e mandar tudo para o inferno. Porque é isso que ele é. Se ele não for comprometido com as pequenas coisas do dia a dia, quem dirá será diante de um grande desafio?

7) E real: Essa é a característica mais importante porque o homem perfeito, o homem dos sonhos, nunca vai poder superar o homem real. O Real é aquele que eventualmente vai te machucar, vai te fazer perder a cabeça, é aquele que vai agir sem pensar, mas vai se arrepender e te encher de desculpas esfarrapadas, flores murchas e chocolates amargos. O Real é aquele que quando te conheceu era um menino mimado, desnaturado, do tipo que a gente ouve dizer que não vale nada, mas que viu em ti uma oportunidade de ser melhor. O real vai, sim, manipular, mentir e quem sabe até trair e vai parecer que não tem sentido estarem juntos, que foi tudo perda de tempo. E sabe de uma coisa? Às vezes, essa conclusão vai ser libertadora. Mas o real é isso mesmo; é humano. Munido de medos, traumas e planos que provavelmente nem caibam nele. Ele veio pra te confundir, mas também te perdoar por seus defeitos, seus gritos, seus choros. Ele não é de todo ruim, não é como cobra o estereótipo, aliás, ele tem o maior receio de ser como o estereótipo! Ele quer fugir do padrão, da ideologia e do conceito infundado de que nenhum homem presta, mas sinceramente, o Real não faz ideia de como fazer isso acontecer. A verdade é que ele vai ser o reflexo do que você vê em si; ele é sua carência suprimida, seus desejos reprimidos e também seu pesadelo noturno. Ele é o que você permitir que seja. Pode ser apenas um caso qualquer, um garoto de uma noite. Pode nem sequer saber seu nome e, inclusive, nunca te ligar, mas pode ser também alguém que faz a diferença. A questão é que só você pode determinar a intensidade e, principalmente, o tempo que ele permanecerá na sua vida; suficiente ou não para ser importante. Te aviso de antemão que ele tem variações e conserva dentro de si grandes características, contudo se você não der uma chance nunca vai ver. O Real vai chegar sem pedir licença, vai quebrar o seu padrão, vai te dar fios brancos, mas ele também vai aprender, crescer e mudar contigo. Não por você, mas com você. E é por isso que o Real é melhor do que qualquer fantasia, melhor do que qualquer príncipe guerreiro que lute contra dez dragões pra te salvar. É aquele que vai te libertar dos seus próprios medos, de seus tabus, te salvar do tédio.

Você pode até não tê-lo encontrado ainda, mas não há dúvidas de que ele existe.

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