Definitivamente, amor não se trata de sexo e tampouco sexo se trata de amor. Mas embora essas sejam verdades universais, ainda há quem se veja embevecido com a ideia de que um substitua o outro. Erro de estagiário. Não dá pra substituir o imaginário pelo real, perspectiva por gosto. Sejamos francos, a única coisa que diferencia um apaixonado de um esquizofrênico é a falta de capacidade do enfermo de provar que o que ele vê, existe. Quem vê rostos em objetos, vê amor em comodismo, até porque, cada um acredita no que quer. Assim sendo, a gente esquece do racional quando está envolvido na linda história contado por outro. E, principalmente, não nos damos conta que histórias de amor são contadas a dois e com uma pitada de sorte, podem-se tratar da mesma! Desce do cavalo branco, príncipe, afinal você já foi o Sergio Mallandro. E vai guardar o sapato que deixou no meio da escada, princesa. Aqui não tem nenhuma empregada tua.

A verdade é que amar é para os fortes. Você não escolhe, se desafia a não se apegar. É preciso ter mais perseverança do que orgulho pra se apostar tão alto. Aliás, sequer tem a ver com jogo. Amar é sobre timing. Aquele momento em que uma risada, uma jogada de cabelo, uma coincidência de gostos bizarros é tudo. Aquele em que você procura justificar de quem foi a culpa; se foi artimanha do destino ou ironia do coração. E, mais uma vez, termina com uma coletânea de lembranças guardadas à fino trato. Isso é timing; um divisor de águas, o momento de impacto. Em outras palavras, quando você ouve vidros estraçalhando-se, panelas caindo no chão e inevitavelmente percebe que se fodeu.

Bem aventurados aqueles que tem o tesão como escolha, que pouco se importam com bons costumes e maus hábitos. Que tem o apelo do corpo e da mente em que o espírito se faz de louco. Tem desejo, vontade e paixão. Aqui e agora. Não existe preconceito, nem raça. Não é preciso nome, nem um abraço amigável. Você pode ser direto, indiscreto, nu e cru na sua verdade. Ser você de trás pra frente com a alma exposta e a cara à tapa. É a química que libera substâncias que produzem a sensação da felicidade, acelera o coração e aumenta a excitação. Sexo só tem como futuro o calor dos corpos, o orgasmo e as sacanagens ao pé do ouvido. E satisfeitos um com o outro, vem o alívio. Sem cobrança, sem café da manhã.

O que te faz ficar saltitante não é o amor, é kangoo jump. Não é amor que te faz esquecer as dores, é a vodka. O que te deixa paralisado não é o amor, é o trânsito. O que te faz dormir em paz não é o amor, é Dramim. Não é o amor que te faz enxergar o mundo de outra forma, é o exame de vista. Nem é o amor responsável pelas suas borboletas na barriga e, sim, a fome. O frio na barriga, à vezes, é porque você está constipado e, não, apaixonado. O que te dá a chance de mudar o que está diante de você não é o amor, é o controle remoto. Nem toda retribuição de declaração é amor. Pode ser imposto de renda.

Amor é outra coisa.

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