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Uma vez, ouvi de uma amiga minha “chega um momento na vida em que você tem que ficar com quem gosta de você e desistir de quem você gosta”, lembro que me senti, sobretudo, triste. Não quis aceitar a realidade de que, às vezes, paixão mútua poderia não ocorrer ou que valesse a pena ter uma vida a dois quando ainda mantinha seu próprio coração no bolso sem doá-lo a ninguém. Amor, pra mim, sempre foi sobre exagero, transpor limites, desejar o impossível. Honestamente, eu não teria a menor precisão de amar senão fosse para me sentir viva. Mas eu preciso porque sobreviver não me é o bastante, e por isso, fiz do amor uma necessidade, um vício.

Eu preciso estar amando o que quer que seja, já que no fim das contas, somos só saudade. Todos nós. Estamos de passagem, e só continuamos vivos dentro do coração de quem sente nossa falta. Eu quero ser saudade, sabe? Quero saber que fui o grande amor da vida de alguém e que alguém foi o meu também – ainda que não tenha sido o mesmo. Eu quero um calafrio me percorrendo a espinha ao encontrá-lo, quero sentir uma dorzinha fina quando pensar em nossa despedida. Quero desejar que o tempo fique um pouquinho mais lento só para estender o nosso beijo. Eu quero pensar em formas de fazê-lo sorrir em dias comuns e meios de distraí-lo das aflições em noites incertas.

Ter quem nos ame é maravilhoso, mas nada se compara a sensação de se esparramar por alguém, de sentir todo pedacinho do seu corpo esquentar e amolecer a cada troca de olhares. Nada se compara a paz que a gente encontra no sorriso de quem amamos. Talvez eu passe mesmo a vida buscando o amor; ora como meu, ora como nosso, e quem sabe, até sendo recíproco. Talvez, um dia, eu descubra que ela estava mesmo certa e me sinta igualmente cansada de lutar. Mas não será agora, nem hoje. Quem não aprendeu a se doar, perde uma das melhores formas de ser feliz.

Eu conheço o caminho mais fácil, já passei por ele algumas vezes. Já estive com quem gostava de mim mais do que eu a ele, e com quem estava disposto o suficiente pra estar comigo na expectativa de me conquistar. Por um tempo foi bom, sabe? Acreditar em perfeição, em ideologias, em romantismos clichês, mas sempre ao cair da noite vinha o vazio que eu conhecia tão bem. Eu ainda talhava um buraco no peito que enchia de promessas e não via retorno. Simplesmente não sentia nada, e o nada, acredite, é pior que a solidão. Pouco a pouco, fui consumida pela inércia do querer até o ponto em que acreditei que “estar tudo bem” é o mesmo que ser feliz. Mas não é, nem se engane.

A gente sabe quando alguém veio para nos fazer bem porque não há esforço pra que isso aconteça. A gente nem tenta gostar e, quando se dá conta, a melhor parte do nosso dia foi o sorriso dele. É possível aprender a amar alguém com a convivência, sim, com o costume, com o comodismo. Mas esse não vai ser o mesmo alguém que você contaria as horas para ver, que seu coração viria até a boca com uma simples mensagem de texto na madrugada. Esse não vai ser saudade, tampouco seu grande amor. Vai ser só alguém que te fará bem por um tempo e que depois você provavelmente irá descartar como um guardanapo usado, alguém que você nem sequer vai enxergar seu verdadeiro valor por puro egoísmo. Ou talvez por puro medo de não ter quem faça o mesmo por ti outra vez.

Não vale a pena manter alguém em nossas vidas que não seja por quem vivemos a cada dia. Que não seja por quem guardamos nossos maiores sonhos, desmembramos os mais arriscados dos planos. Que não seja aquele pra quem podemos contar nossas piores histórias, rir de vergonhosas quedas ou permanecer em silêncio sem qualquer incômodo. Que não seja aquele por quem nos permita ser nós mesmas, e nos olhe como se fôssemos únicas. Pra mim, amar é mesmo uma necessidade. Precisa vir de dentro para fora e estampar no rosto a certeza de que eu o encontrei.

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