Estou em uma fase da vida em que tudo me exige paciência, uma virtude que nunca foi natural em mim. Tenho aprendido a me distrair pra não surtar, a respirar fundo pra não me desesperar. Tenho descoberto quão flexível pode ser o meu limite. Chego à beira da loucura e volto humildemente dois passos. Às vezes, um. Posso ver nitidamente o que me afasta dos pensamentos negativos, do lado ruim.

A sensação é de estar oca, sabe? Como se não houvesse nada dentro de mim que fosse capaz de sentir uma fagulha de esperança ao cruzar com alguém nem uma pontada de dor ao se lembrar de alguém. É como se eu pudesse assistir a minha própria vida e as histórias que se desenrolam em volta como uma mera telespectadora lutando pra me identificar com o personagem. Eu nem sequer me reconheço, pois sem sentir, eu sou só matéria, carne e osso.

Se envolver é trocar energia, é enxergar alguém por dentro, é afagar sua alma. Se envolver é rir tanto que sente o ar faltando ou chorar tanto que sente o chão faltando. Se envolver é mesclar sua vida com a dos outros, absorver suas dores, suas mágoas e também suas conquistas, suas alegrias.

A gente leva um tempinho pra se refazer, fortalecer e permitir que outro alguém nos inunde de sentimentos, mas não há ninguém que depois de ter sentido amor de verdade não queira aquilo de novo.

Venho trabalhando em mim quão serena consigo ser diante do estresse dos outros. Nem sequer me importo mais de dizer “bom dia” e não ouvir resposta. Acho que está todo mundo preso em suas próprias batalhas internas numa busca incessante por alguém. Ou por si mesmo. Tenho vivido do mínimo, sentido gratidão pelas pequenas coisas pra não me permitir fracassar.

Porque, às vezes, perdemos o controle da nossa própria vida, ela tem o seu tempo, os seus desatinos, as suas reviravoltas, e a gente deve apenas seguir conforme o fluxo, ter a consciência tranquila de fazer tudo quanto é possível. Com paciência não há quem não seja recompensado. Cedo ou tarde.

Às vezes, é só uma questão de tempo até que esteja pronto mais uma vez pra perceber que todo o universo existe graças a nossa capacidade de amar no ponto mais alto da alma.

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