Tenho notado um certo apelo da razão em se sobrepor ao tempo. E uma ligeira teimosia das pessoas de se acharem superiores à qualquer envolvimento emocional. É bem confortável acreditar que o tempo te faz mais racional – talvez seja assim de fato – mas a verdade é que isso te exima do dever de se equilibrar na tênue linha da coerência. Estar mais velho não te faz mais sábio, assim como, ser mais racional não te faz mais maduro. Esse é o aval para os preguiçosos que esperam ter qualquer tipo de entendimento olhando a vida passar. É muito fácil lavar as mãos para as aflições dos caminhos opostos. O verdadeiro desafio está em ao longo dos anos, através das feridas, por cima das dores, manter sua emoção intacta, sua essência inalterada. Vamos combinar que não há nada mais triste do que tornar-se impassível, apático. E não há glória nenhuma em ser unicamente alguém que pensa e nada sente. Mas à medida que a idade pesa sob os ombros, o coração enrijece. Não é voluntário, eu sei. Mas também não é à toa. No entanto, se tornar alguém descartável é puramente uma escolha.

A verdade é que é um tremendo alívio culpar o tempo pelos desencontros e se afastar maldizendo a distância. Mas o nome disso é comodismo. Manter alguém em sua vida dá muito mais trabalho e exige que cumpra essa promessa meia boca de um encontro pra matar a saudade. Você realmente teria que ser a pessoa que acredita que é quando demonstra qualquer carinho fajuto ao ouvir o nome de alguém. E que na verdade não se esforça em nada pra dizer que lembrou dela. Como se contato funcionasse por telepatia, você se afaga na ideia de que fez sua parte e assim, antes que perceba ou na verdade se importe, se tornou uma lembrança boa, ao invés de alguém presente. E você deixou que isso acontecesse, não deixou?  Mas e se tivesse ligado quando ouviu aquela música e lembrou dela? E se tivesse dedicado um pouco do seu tempo à perguntar com real interesse como vai a sua vida? E em meio a tantos “e se” se perdeu o afeto, o interesse. Se perdeu no tempo.

Se importar com alguém é um desafio diário. É a prova de que, na verdade, ao contrário do que querem lhe fazer acreditar, o sentimento é atemporal. Você pode se tornar seletivo, sem se tornar descartável. Você pode implicar a ponderação, sem se tornar indiferente. No final das contas, sempre vale a pena ser um colecionador e, não, só parte do esquecimento de alguém. Por via das dúvidas, que os motivos abaixo lhe sirvam como lição ou, pelo menos, incentivo.

1)      Você não individualiza a felicidade.

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Ser feliz pelo outro é uma das melhores maneiras de se sentir feliz. Concentrar toda sua satisfação em si mesmo, nas suas próprias conquistas, não só te torna totalmente responsável por fazer da alegria uma constante, como te faz um medíocre solitário.

 

2)      Você mensura os efeitos de suas ações à alguém.

Há bilhões de formas de interpretações de uma única atitude e, sinceramente, de boas intenções o inferno está cheio. Ficar atento as consequências é, acima de tudo, um sinal legítimo de respeito. O grande problemas das pessoas está em avaliar, simplesmente, até onde são afetadas. Tão egoístas quanto cegas, ignoram o efeito dominó. Ampliar sua visão é também se pôr no lugar do outro. Isso não é apenas pra te ensinar a ser altruísta, é pra te lembrar como ser humano.

 

3)      Descobre o verdadeiro tamanho da importância.

O que é importe pra você pode não ser – e provavelmente não é – de igual influência para outro. Você aprende à respeitar as diferenças, valorizar as gotas quando se fizerem tempestade pra alguém. Mas, sobretudo, entende que cada um tem o fardo que suporta carregar e não lhe cabe o direito de julgar o peso.

 

4)      Adquire prioridades reais.

Não vai mais fazer amigos por conveniência, manter conversas por empatia, nem parceiros por semelhanças. Quando alguém te importa, você valoriza quase que de forma natural as suas verdadeiras qualidades. Trata-se do caráter, da personalidade, da índole. Enxergar alguém como ela realmente é e, não, como aparentemente demonstra.

 

5)      Aprende a ouvir.

Uma grande verdade é que toda conversa vale a pena. Nem que seja pra te deixar confiante de que não concorda com nenhuma palavra que ouviu, vale a pena. Principalmente, aquelas que te farão discordar, arrancar os cabelos, se encher de raiva, são as que lhe farão pensar mais e inevitavelmente te ajudarão a consolidar sua opinião. Qualquer pessoa tem algo de bom a te ensinar, ainda que deixe um rastro de mágoas. Pra quem não nutre rancor lhe sobra aprendizado.

 

6)      Aprende a aceitar suas derrotas.

Desmitificando o ditado “enquanto um chora, o outro ri”, é louvável a capacidade de não se ater à suas falhas diante das vitórias do outro. Reconhecer em alguém os motivos pelos quais o fizeram estar numa posição melhor do que você, ou ser promovido no seu lugar, é ser humilde no ponto mais alto da palavra. Afasta qualquer despeito contido na arrogância da vitória.

 

7)      Se desfaz de suas obrigações.

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O que não lhe custa nada, não lhe custa nada mesmo. Portanto, esqueça essa ideia de que suas ações tem partes dispostas e que sequer há uma obrigação sua perante elas. Faça tudo que estiver ao seu alcance, faça além do que manda o figurino. Faça, simplesmente, tudo que não lhe custar nada. Relacionamentos não tem que ser uma troca justa de favores, não tem que ser o famoso “uma mão lavando a outra”. Tem que ter suas atitudes feitas por completa satisfação em executá-las. Tem que ter a tranquilidade de fazer tudo que podia pra tornar algo melhor, pra se fazer melhor e pra ser melhor pra alguém. Principalmente, pra que seja merecedor do melhor que puderem fazer por ti também.

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