Eu não vou negar que a internet mudou a minha vida, e que o som do provedor discando era um misto de pavor e ansiedade delicioso! E que já me diverti horrores em fotolog´s anos luz depois que foram esquecidos. E, claro, não posso negar que graças à cyberlife minha mãe esteve distraída demais – administrando todos seus perfis em sites de namoro – para se dar conta do horário que eu chegava em casa. Também não posso esquecer que a Net me deixou a par de fatídicos acontecimentos memoráveis, como esses:

O dia em a Tici Pinheiro foi apresentar o programa bêbada. E achou que fosse a Carla Perez.

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O dia em que descobri (e o mundo inteiro) que a Songa Monga Stewart de sonsa só tinha a cara. E o estilo. E o namorado.

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E o dia em que Ana Maria Braga, musa da Tv brasileira, caiu ao vivo. Afinal, “três pés é banco, não é cadeira.”

Contudo, à medida que eu me tornei mais convertida à cultura pop, aos memes, aos novos hits do verão lançados e ao retorno de ícones (Chapolin Colorado, Compadre Washington, etc) percebi que me distanciava de pessoas reais. Dizem que a internet aproxima quem está longe e distancia quem está perto, mas vocês já pararam pra pensar o quão patético isso, é? Não? É com muito prazer então que eu listo os 10 motivos pra você sair das redes sociais AGORA.

 

1)      Distancia existe. Pare de fingir que não.

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Está crescendo cada vez mais o número de relacionamentos à distância. Diz pesquisa. Acontece que é preciso ter muita maturidade pra se levar isso a sério, mas também, sejamos francas, muita imaginação. E uma carência manipulada. E umas almofadas dessas:

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A questão é que você tem que controlar seu ciúmes pra não enlouquecer achando que ele está sempre mentindo ou com outra, controlar seu libido (ajuda pensar em cadeira, cadeira, cadeira…) e controlar sua mania de controle pra não querer saber exatamente o que ele faz a cada segundo, principalmente, porque quem procura, acha. Todo corno é curioso. Essa nem chega a ser a parte mais difícil, passado essa etapa já pode considerar que seu relacionamento “agora vai”. Porém, entretanto, todavia, se você for humano – do tipo que gosta de toque, de pele, de olho no olho, da respiração no cangote – então, longas conversas ao telefone não vão te suprir, debater assuntos corriqueiros no whatsapp não irão de acalmar, assistir simultaneamente o mesmo filme não vai ser o mesmo que fazê-lo recebendo um cafuné. Ou seja, vai ter que apartar.

 

2)      Ninguém está a salvo.

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“Okay, depois que eu der uma olhada rápida no Facebook, Twitter, Tumblr, Pinterest e Instagram, aqui está o que sei.”

 

“Privacidade está morta?”

Não adianta tentar me convencer que você faz parte da minoria que realmente não se importa. Não adianta! Antigamente, quando a gente tentava ser cupido de alguma relação, o diálogo era mais ou menos assim:

– Amiga, tem um amigo meu que quer te conhecer! É gato!

– Sério? Como ele é? O que faz da vida?

– Estuda, trabalha… Partidão!

– Pois vamos marcar um encontro duplo.

 

Hoje em dia:

– Amiga, tem um amigo meu que quer te conhecer! É gato!

– Qual o instagram? Tem facebook?

(…)

– Caramba, ele tem 5 mil seguidores. Por que é tão conhecido? É modelo, ator, empresário?

– Estuda, trabalha e fez uns bicos na novela das 9, se não me engano…

– Em algumas fotos eles está bonito em outras não… Não sei em qual eu acredito. Ah, olha! Achei uma foto dele na novela! Não está bonito… Vou ver os comentários.

– “Lindoooo, gatoooo, comenta de volta!” Desesperada. “SDV, PVT” Hã? Isso sequer faz sentido..? “Torço muito por você! Quero te conhecer.” Nossa, quanta mulher atirada! Mas se bem que… ele até que tá bonitinho nessa foto. Vem cá, ele disse o que de mim pra você?

– Que te achou mó gata…

– E como ele me conhece?

– Viu teu instagram, ué.

– O QUE? Você deu meu instagram pra ele SEM me consultar?! Ai meu deus, ai meu deus!

– Que foi, louca?! Não tem nada demais! Acabei de dar o dele pra você também, ora.

– Sim, mas… mas… Eu não tive tempo de apagar aquela foto horrorosa do natal de 2011. Ainda bem que apaguei as fotos com meu ex senão ele ia pensar que ainda gosto dele.

– Calma, ele já viu e já gostou.

– Bom, então nesse caso vou curtir uma foto dele.

– Só uma? Curte três!

– Eu não, vou parecer uma dessas desesperadas que ficam comentando “sdv, pvt, blabla”.

(…)

– Ele é muito apegado à família, corre todos os dias, malha na mesma academia que uma amiga minha aqui perto. Deve morar aqui perto também. Tem um cachorro daquela raça que eu acho linda e é apaixonado por sushi com vinho. Acho que realmente ele é o cara certo pra mim.

– Que legal! Finalmente, vocês estão conversando, hein?

– O que? Não, não. Ele começou a me seguir e eu segui de volta. Decidi ir com calma.

 

3)      Isso é um objeto de comunicação ou de tortura?

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Ele está online, mas não te responde.

Ele saiu e não te respondeu. Com quem diabos ele está falando?, você se indaga.

Ele está online de novo. Segunda chance, você pensa.

Ele está digitando. Ele AINDA está digitando.

Para de digitar. Puta merda, ele apagou!, você pensa.

Ele está digitando. Está escrevendo uma bíblia?, você se pergunta.

Ele diz “Ok.”

POR QUEEEE? POR QUEEEEEEEEEEE, DEEEEUUUS? QUE FOI QUE EU FIZ PRA MERECER ISSO?, você grita ao som de Lana Del Rey.

 

4)      Decepção virtual-gramatical.

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Desculpe, mas você bateu a cabeça quando era criança? Ou simplesmente nasceu estúpido?

Esse assunto foi tema de jornal, debates políticos e, claro, rodas de fofoca. Afinal, é realmente impossível deixar passar alguns erros tão notórios. Era um rapaz bonito, mas pensava que agente junto ia dar certo. E eu disse que se fosse bem treinado, sim. Mas ele não entendeu. Eu perdoei, às vezes, um errinho não faz mal. Mas quando ele me perguntou se eu queria namorar com Migo e eu disse “Me apresente Migo, primeiro.”, ele não me perdoou.

 

5)      Te dei intimidade, por acaso?

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O principal agravante dos laços fictícios da cyberlife é, sem dúvida, o fato de que se tornam bem reais com o passar do tempo. Você se torna a par de toda vida do indivíduo; o que ele faz, pra onde viaja, quem são seus melhores amigos, qual o tipo de relacionamento com a família e se tem muito contato com a ex. E enquanto conversam mais parecem dois melhores amigos de longa data com piadas internas que por meio de sorrisos sacanas de canto de boca demonstram interesse um no outro. Uma atmosfera de harmonia e segurança que te faz esquecer o principal: você nunca falou com aquela criatura pessoalmente.

E aí chega o primeiro encontro e você não sabe se puxa assunto sobre o que já conversaram ou se age como seria um real primeiro encontro “pra conhecer a pessoa”. E vem as dúvidas se deve perguntar se o pai está bem depois da operação, se deu certo aquela proposta de negócio, se está indo bem no tcc ou se vai parecer intransigente.

Uma outra situação é quando você posta aquela foto linda da viagem do final de semana simplesmente porque gostou muito da foto, das cores. Melhor ainda do resultado: vááárias curtidas. E então, encontra alguém que mal fala na balada e ele te pergunta “Tava de férias? Como foi a viagem?”. Mal sabe ele que sua tentativa de puxar assunto lhe parece uma perseguição em alto nível. A primeira coisa que você pensa: Putz, ele não sai do meu instagram. Me ama certeza. E, logo em seguida: Ué, mas por que diabos ele não curtiu a foto, então? Acha que pode perguntar da minha vida, mas não precisa curtir, é? Dei intimidade pra isso não!

 

6)      Bêbados, evitem estar online.

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Assunto que eu sempre bato na tecla aqui porque reforçar nunca é demais. Vocês não sabem o perigo que é o recurso de gravar áudio no whatsapp agregado à duas garrafas de vinho. VOCÊS NÃO SABEM. Uma verdadeira psicoterapia alcoólica que passa por todos os estágios da relação. Desde quando se conheceram até o dia em que brigaram e as promessas jamais cumpridas por ambas as partes. O bêbado não só tem a capacidade de dialogar sozinho, como também, de brigar e chorar sozinho. Ele simplesmente é autossuficiente o bastante pra não precisar sequer que a vítima responda. No outro dia, é claro, a mais trágica vergonha registrada. Hoje, como snapchat, talvez, você tenha a chance de não ter seu suicídio social gravado, mas mesmo assim é muito mais simples evitar que isso aconteça. Esconda o celular de si mesma, jogue na privada, dê pra uma amiga, não saia com o carregador, QUALQUER COISA. Se a noite promete ser à la Lindsay Lohan, então, evite estar online.

 

7)      “Ele me mandou uma carinha.”

Certo que os emoticons foram criados pra expressar melhor os sentimentos que apenas palavras não puderam exprimir.  Acontece que, como nem tudo são flores, eles acabaram expressando mais do que singelos sentimentos.

Como o dia em que fielmente retrataram o Lepo-lepo:

 

E o dia em que ele te mandou somente uma carinha e você SOUBE que ele estava afim.

 enhanced-buzz-9106-1385438992-10“Você tá de sacanagem comigo? Uma carinha piscando?!”

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“Isso é como o pornô dos emotions.”

De sexo. Óbvio.

 

8)      Se é namoro, tem no Face.

Podem falar o que quiserem: discrição, pessoas reservadas, bla bla bla. Não ligo. A verdade é que, hoje em dia, mais do que nunca você precisa mostrar exibir seu relacionamento. Daqui um tempo, as festas de noivado nem sequer irão existir já que muita gente já se sente gratificada em ter várias curtidas em seu status. Tanto é que isso já se tornou um termômetro da relação aos olhos de terceiros. Esteja preparado.

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“Caramba, eles tiveram 200 curtidas na alteração de status! Puxa, que sorte a deles de serem um casal tão perfeito juntos.”

 

9)      Photoshop é o mal do milênio.

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Antigamente, as pessoas enganavam umas às outras com uma descrição surreal de seus atributos, mas sempre cabia ao indivíduo não ter expectativas tão grandes. Na verdade, era como pôr em prática aquela frase que diz “acredite em metade do que você vê e em nada do que você ouve.” Mas hoje você nem sequer tem o direito de acreditar no que vê! O photoshop tomou conta da vida das pessoas. Arrisco à dizer que o vírus que criou a Matrix, nada mais era do que um photoshop muito bem desenvolvido, sob o qual as pessoas não conseguem viver mais sem. Até as mínimas imperfeições são retiradas. Barriga, rugas, marcas de espinhas na pele, tudo some em um piscar de olhos. E tudo que resta é o supremo desejo de que, pelo menos, o nome daquela criatura seja real. O que as pessoas querem mostrar, dificilmente é o que elas são. Tudo bem, a gente sobrevive a isso. Mas a não ser que você planeje uma vida em que não precise pôr o pé pra fora de casa, eventualmente, as máscaras caem. E os follows também.

 

10)   Ex, maldito do inferno.

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“Admito, eu checo o Facebook dele, tipo, todo dia, pra se ele começou a namorar alguém novo, o que é muito patético.”

Por fim, mas não menos importante, acho que o motivo mais forte de você se afastar das redes sociais é seu ex. Ok, você já superou ele. Ok, ele não faz mais diferença na sua vida. Mas vem cá, SÓ por isso tem que vê-lo com a nova namorada sem graça – porém, mais gostosa do que você – a mil amores? Tem que ver que ele foi COM ELA aquele lugar que era o TEU sonho? Não é egoísmo, é autopreservação! Se vocês terminaram e você não tem maturidade pra vê-lo bem antes que se case, ganhe na loto e perca 3kg, pra que então manter esse contato? Só serve pra evidenciar que sua praga de que ele nunca conseguiria alguém melhor do que você não deu certo. Ele conseguiu. E, é… ela também faz yoga. E surfa. E tem duas formações. Como você sabe disso tudo? Bom, malditas redes sociais que não lhe deixam ter sossego. ISSO NÃO É DE DEUS!

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